
SOMOS TODOS UM
Movimentos frenéticos, ansiosos, perdidos diante do inesperado!
O que fazer? Por onde seguir? O que acontecerá com a humanidade? Por quanto tempo este afastamento social será necessário? Tudo voltará a ser como sempre foi?
Estas são algumas das perguntas lançadas ao vento, na esperança que alguma fonte confiável acalente o desespero que assolada uma grande maioria.
Enquanto as respostas não alcançam as terras do discernimento daqueles que as solicitaram, seguimos. Seguimos como podemos, talvez não como devemos! Se é que há realmente nesta altura um plano a ser seguido por nós.
O farol de KIZ KULESI na Turquia, o farol DE LINDAU na Alemanha, o FAROL DE FANAD na Irlanda, FAROL DE PIGEON POINT nos Estados Unidos, o FAROL DE ST. ANTHONY na Inglaterra, o farol da BARRA e de ITAPUÃ no Brasil, todos eles, e muitos outros aqui não mencionados, redirecionaram seu foco de luz. Decidiram convidar os navegadores – humanidade, a refletirem sobre o valor da vida sob a luz de um olhar sensível que abarque o individual e o coletivo, o visível e o invisível, o conhecido e o desconhecido, na esperança que medidas criativas e seguras sejam pescadas no mar do inconsciente, e garantam à humanidade uma navegação segura neste momento denominado Pandemia.
Sem medidas que priorizem a manutenção do equilíbrio seja ele interno e/ou externo; que ultrapassem as dicotomias, as desmedidas; que firmem o poder de transformação e exaltação da vida; que incitem no homem o desejo de identificar, reconhecer e colocar em movimento, no âmbito individual e coletivo, os talentos/recursos internos/dons/ferramentas existentes neste universo vasto que é cada um de nós; que convidem o homem a enxergar sua responsabilidade em alimentar o calor da conexão entre dois, três, e muitos, continuaremos a fortalecer a desorientação, o pavor, o pânico, a ameaça à vida, o desespero como se fossemos os próximos a serem aniquilados na chacina organizada pelo “inimigo” chamado COVID 19.
Para alguns nossa raça está prestes a ser aniquilada, o tempo do Apocalipse chegou! Acreditam que apenas os “escolhidos” e os que coletarem o suficiente de enlatados, grãos, pastas, papel higiênico, álcool gel, … sobreviverão! Nesta lógica sem lógica, a maior manifestação de amor parece ser a oferta de um pequeno pacote de papel higiênico de um vizinho para o outro, representante fiel de desprendimento, compaixão e salvação! O detalhe é que acompanhando esta cena, o I LOVE YOU/EU AMO VOCÊ/JE T’AIME/ se encaixa como uma luva, a reafirmar em alto tom o que o ato buscou expressar.
Enquanto outros, desconsideram completamente os fatos, a realidade que hoje se apresenta. Permanecem prisioneiros das desmedidas das suas ações, recheadas de imprudência, irresponsabilidade para consigo mesmo e o outro, ou seja, o coletivo. Como se não fosse suficiente, há àqueles que neste momento ainda se dão ao luxo de permanecer na completa superfície do que se está vivendo, boiando na máxima que tudo isto é um golpe partidário organizado para desarticular a política do governo vigente.
Diante de tantos devaneios, e misto de pânico e ameaça, nos resta pelo menos buscar o discernimento, veículo importante de orientação. Quanto maior for nossa tendência em fixar a atenção no lado obscuro da complexidade do que se apresenta no mundo neste momento, maior também será nossa tendência em perder o bom senso, assim como a clareza, vias essenciais para encontrarmos alternativas criativas e produtivas neste tempo de recolhimento: um misto de espera ansiosa, expectativa e inquietude para alguns; enquanto que para outros, o silêncio, o descanso, a oportunidade de criar.
O que alimenta sua alma? O que lhe traz alegria?
O que lhe exalta a vida e o desejo de prosseguir?
Não podemos esquecer que antes de uma nova ordem se instalar, a desorganização, a quebra das referências vigentes, o controle sobre o conhecido, dão espaço ao desconforto, ao que muitos denominam caos. Afinal o caos, ou seja, a desorganização, a desorientação, sempre antecedem um novo estado de consciência, pelo menos a tentativa da construção de uma nova realidade, de linguagens que ultrapassem os hiatos existentes, e encontrem caminhos mais consistentes de diálogo, entendimento e ação. Talvez quem sabe uma forma de viver recheada de mais harmonia, quietude e desejo em aprofundar no sentido de estarmos neste Planeta Terra. Caso continuemos a nutrir a impossibilidade de navegarmos estes mares, insistindo que estamos sozinhos, que a vida se reduz apenas ao que podemos tocar, ver, adquirir, acumular, continuaremos esvaziando as prateleiras dos supermercados, estocando alimentos e produtos de limpeza, contrabandeando álcool gel, brigando por um pacote de arroz, considerando apenas as necessidades individuais em primeira instância, transformando o outro em adversário, movimento que compromete em muito o caminho da raça humana em direção a mais inteireza e realização. Neste contexto, o outro em mim e fora de mim, é a via mais segura para nós seres humanos ultrapassarmos os desencontros, as ameaças, e garantir algum florescimento na terra. Por isso, antes de dar o ponto final nesta reflexão, lanço a você esta pergunta: SOMOS REALMENTE TODOS UM? ATÉ QUE PONTO ESTAMOS DISPONÍVEIS PARA SERMOS UM?
Alexandrina Passos Jordão


Somos todos um?

E se eu também morrer?

Os incansáveis guerreiros
